Este livro de Ian McwEan, lançado em 2007, conta a história de Edward e Florence, passado em Julho de 1962, virgens e recém-casados em sua lua de mel, prestes a passarem sua primeira noite juntos. A tensão do romance está entre as diversas e diferentes espectativas do casal; Edward entusiasmado e sonhador e Florence com uma certa repulsa, ambos sem poder demonstrá-lo.
Eu tenho que tomar cuidado para não falar mal, errôneamente, deste livro. Mas confesso que desde o comecinho eu tive que me esforçar bastante para não abandoná-lo. Pareceu-me por hora estar lendo um livro infanto-juvenil; não pelo tema que embora pareça clichê "Eram jovens, educados e ambos virgens nessa noite, sua noite de núpcias, e viviam num tempo em que conversar sobre as dificuldades sexuais era completamente impossível" (de acordo com o primeiro parágrafo do livro) mas pelo seu desenvolvimento; o tema não é coisa que bloqueie minha vontade de ler, pois acredito muito mais no "como" do que no "o quê" e por isso me mantive firme desde a sinopse até a última palavra. Aliás, considero por vezes um desafio muito maior tratar de temas tão clichês e transformá-los de alguma forma, mas é preciso fazê-lo bem, senão a coisa se torna previsível e chata.
Pois, McEwan não conseguiu me surpreender no "como", e como o tema já me era passado, o livro ficou por isso mesmo. Não sei bem como dizer isso, mas achei-o por vezes "legível" demais, tudo é muito explicado, até didaticamente, o que deixa o livro um pouco entediante, não me é possível advinhar muitas coisas. Claro que também não posso identificá-lo como mal escritor (não poderia mesmo, pois não li nenhuma outra obra sua), ele demonstra dominar muito bem as táticas literárias e é preciso na alternancia entre os pontos de vista de Edward e Florence, radiografando seus pensamentos e motivações internas, contrapostas também com suas atmosferas sociais e a própria da época. Além disso, talvez o maior mérito do livro seja o envolvimento que Mcwean consegue passar através de um clima de tensão crescente (principalmente do meio para o fim), onde o leitor se sente ansioso à medida que o tempo avança para o final inevitável, clímax que com certeza é a melhor parte do livro. Outra coisa interessante é que McEwan escolhe justamente o ano de 1962 para tratar de um tema que logo depois seria "arregaçado" com a Revolução Sexual de 68. Pode ser como se Florence e Edward representassem o último fio daquela postura pudica até então.
Na Praia
Ian McEwan
Ed. Cia das Letras
128 páginas
Ian McEwan (Aldershot, 21 de Junho de 1948), é um escritor britânico da atualidade.
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