mergulhem-se

Mostrando postagens com marcador Henry Miller. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Henry Miller. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sobre os poetas...

"A posição social e a condição do poeta - uso a palavra tanto no sentido amplo como no rigoroso - revelam indiscutivelmente o verdadeiro nível de vitalidade de um povo. A China, o Japão, a Índia, a África - a África primitiva - são lugares em que a poesia ainda é fundamental. O que faz evidentemente falta entre nós, de que nem sequer desconfiamos que carecemos, é o sonhador, o louco inspirado. Com que prazer macabro, na hora de lhe cavarmos a sepultura, focalizamos a atenção no "desajuste" do indivíduo solitário, o único rebelde autêntico de uma sociedade decadente! E no entanto são justamente essas figuras que dão sentido à expressão cediça: "desajuste". "



Henry Miller no prefácio de "A hora dos assassinos"

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Mundo do Sexo, Henry Miller, Ensaio

Há em muito a discussão se a escrita de Henry Miller é literatura ou pornografia? Em o mundo do sexo não poderei enxergar, mais que um literato (erótico ou não, que seja, isso é de mínima importância) um grande defensor da liberdade. Numa mistura de biografia e ficção (como na maioria de suas obras) o autor faz um ensaio valioso sobre liberdade, amor, sexo, arte. Miller vê o sexo como ato de libertação pessoal, auto-expressão, assim como qualquer outro ato da vida que se permita evadir-se das repressões morais da sociedade, que vai contra a felicidade do homem, como diz. Mas não falamos aqui do sexo vazio, falamos do sexo da entrega, do amor, da unção, da vida pura, inteira.

Fico pensando se caso Henry Miller entrou em contato com as obras de Wilhelm Reich (de sua mesma época). Teria uma surpresa ao saber que suas intuições referentes ao sexo, não só encontram apoio teórico como cientifico. Muitas vezes o próprio Miller me lembra Reich falando, também por seu otimismo próprio dos dois autores, cada um a sua maneira, que vislumbram ainda um mundo em que o homem possa ser-se com facilidade, entregar-se a si mesmo e só assim: feliz. E quando diz neste mesmo livro "Quando as coisas estão se esfacelando, o ato mais intencional talvez seja sentar-se e ficar quieto. O indivíduo que consegue perceber e expressar a verdade que existe dentro de si pode ser considerado aquele que realisou um ato mais potente do que a destruição de um império", faz-me lembrar também o Freud bem jovem que escreveu em 'O Mal-estar da Civilização' "dizemos a nós mesmos que qualquer um que tenha conseguido se preparar para a verdade sobre si próprio está permanentemente protegido contra o perigo da imoralidade, mesmo que o seu padrão de moralidade possa diferir em algum aspecto daquele que é costumeiro na sociedade".

Com certeza, O Mundo do Sexo aparece de forma clara, simples, sucinta e muito mais madura do que em outras obras suas como um grito de liberdade. Para quem nunca leu Henry Miller é um bom e fácil começo.

"Por que somos tão cheios de restrições? Por que não nos entregamos em todas as direções? Será medo de perder a nós mesmos? Até que nor percamos, não pode haver esperança de nos encontrarmos. Somos do mundo e para entrar plenamente no mundo precisamos primeiro nos perder nele. O caminho do céu nos leva através do inferno, é o que se diz. O caminho que tomamos não tem importância, contanto que deixemos de percorrê-lo com cautela." O Mundo do Sexo, pág 83



O Mundo do Sexo
Henry Miller
José Olympio
110 págs.



Henry Miller (1891-1980) foi um escritor norte-americano, caracterizado pelo teor autobiografico em suas obras e também erótico.