mergulhem-se

Mostrando postagens com marcador André Gide. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador André Gide. Mostrar todas as postagens

domingo, 12 de setembro de 2010

Paludes - André Gide

Pequeno romance para ler em uma tarde. A escrita lenta e ao mesmo tempo fluida (longe de algumas chatices do realismo) trás muito mais a sensação do que a significa do que a estrutura de um pensamento filosófico (que de fato há, mesmo que Gide nem o saiba). Parece de fato uma critica/sátira ao mundo simbolista de Paris que Gide frequentava, os grandes encontros entre literatos e intelectuais num retrato também de discussões modorrentas. Dizem que Gide, em sua vida, e em todas as suas obras esteve a procura de uma verdade interior onde pudesse se igualar à si mesmo; Paludes parece um prenúncio desta busca onde questiona a inércia e a falsa felicidade dos homens (que fecham os olhos para a sua infelicidade e não se movem). Em romances posteriores Gide parece se apoderar mais destes questionamentos ao falar sobre o "ato puro".

Paludes é também um exemplo de "reduplicação" na obra artística, já que o personagem-narrador do livro está justamente escrevendo um romance que se chama "Paludes" e ao citá-lo vez ou outra no livro não sabemos à qual dos dois romances (o que estamos lendo x o que o personagem escreve) o autor está se referindo. Uma situação parecida ocorre em "Os Moedeiros Falsos" de Gide em que o personagem também escreve um romance homônimo.

Prefácio de Gide para o livro:

"Antes de explicar meu livro aos outros, espero que outros mo expliquem. Querer explicá-lo primeiro é limitar-lhe desde já o sentido; pois se sabemos o que queríamos dizer, não sabemos se estávamos dizendo apenas isso. Sempre dizemos mais do que ISSO. E o que me interessa acima de tudo é o que eu coloquei nele sem saber, essa parte de inconsciente, que gostaria de chamar a parte de Deus. Um livro é sempre uma colaboração, e o livro vale tanto mais, quanto menor é a parte do escriba e maior a participação de Deus. Esperemos de todos os lados a revelação das coisas; do público, a revelação de nossas obras."


Paludes
André Gide
Ed. Nova Fronteira
125 págs


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A Porta Estreita, André Gide, Romance

Não me lembro de ter chorado em outro livro como me lembro de ter chorado nesse. Conheci-o mais por destino(?) do que por acaso. De alguns tempos pra cá eu vinha encontrando diversas citações de André Gide em diferentes livros, na maioria de meus autores preferidos. Na mesma época ganhei por coincidência dois livros dele no original em francês, mas impossíveis de ler ainda para minha pouca compreensão dessa língua. Fiquei tão curiosa para lê-los que passei os dois meses seguintes e outros intercalados procurando algum de seus livros em português despreocupadamente nas livrarias. Ao não ter nenhum êxito me esquecia por um tempo deles até que me deparava mais uma vez com os benditos livros em francês na estante e recomeçava a busca. Da última vez em que me deparei com eles empenhei-me em não esquecê-los e na mesma hora fui atrás de vários sebos a sua procura. Enfim consegui meu primeiro exemplar em português, A Porta Estreita. Talvez possa dizer que esse livro seja mais uma leitura de inverno do que uma leitura de verão (Acaso isso existe?). Me impressionou muito com seu aspecto leviano e ao mesmo tempo triste, pesado. Aliás, é exatamente assim que a história se passa, numa mistura de paixão louca entre dois primos no fim do século 19, início do 20, e um puritanismo enorme dado à moral daquela época. O romance se arrasta e agoniza o leitor que não sabe que às veses a única solução para o amor é esperar.

André Gide (Paris, 22 de novembro de 1869 - 19 de fevereiro de 1951) foi um escritor francês, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1947. Originário de uma família da alta burguesia, foi o fundador da Editora Gallimard e da revista Nouvelle Revue Française.