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terça-feira, 16 de agosto de 2011

the bluebird, poema, Charles Bukowski


the bluebird

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I pur whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he's
in there.
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
Europe?

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody's asleep.
I say, I know that you're there,
so don't be
sad.
then I put him back,
but he's singing a little
in there, I haven't quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it's nice enough to
make a man
weep, but I don't
weep, do
you?



---- traduzindo



o pássaro azul

há um pássaro azul no meu coração que
quer sair
mas eu sou duro com ele,
eu digo, fique aí, eu não vou
deixar ninguém te
ver.

há um pássaro azul no meu coração que
quer sair
mas eu encho ele de whiskey e
fumaça de cigarro
e as putas e os garçons
e os balconistas dos mercados
nunca percebem que
ele está
lá dentro.
há um pássaro azul no meu coração que
quer sair
mas eu sou muito duro com ele,
eu digo,
fica quieto, você quer armar
pra mim?
quer ferrar com meu
trabalho?
quer acabar com a venda dos meus livros na
Europa?

há um pássaro azul no meu coração que
quer sair
mas eu sou muito esperto, eu só o deixo solto
às vezes de noite
quando todo mundo está dormindo.
eu digo, eu sei que você está aí,
então não fique
triste.
então eu o recolho novamente,
mas ele canta um pouco
lá dentro, eu não o deixo
morrer totalmente
e nós dormimos juntos
desse jeito
com nosso
pacto secreto
e isso é o bastante
para fazer um homem
chorar, mas eu não
choro, e
você?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

about the PEN conference, poema, Bukowski

take a writer away from his typewriter
and all you have left
is
the sickness
which started him
typing
in the
begining.





----traduzindo----


tire um escritor de perto de sua máquina
e tudo o que você terá
é
a doença
que o fez
escrever
desde o início.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Working Out - Bukowski, poema

(pintura: Van Gogh, Glass Of Absinthe And A Carafe)
Van Gogh cut off his ear
gave it to a
prostitute
who flung it away in
extreme
disgust.

Van, whores don't want
ears
they want
money.

I guess that's why you were
such a great
painter: you
didn't understand
much
else.

domingo, 15 de agosto de 2010

trecho em "Notas de um candidato a suicídio" - Charles Bukowski

claro que não tem explicação para quem tem bom gosto e quem não tem. o que pra um homem é buceta, pra outro é masturbação. não consigo atinar com o motivo da popularidade de Faulkner, dos jogos de beisebol, Bob Hope, Henry Miller, Shakespeare, Ibsen, as peças de Tchekov. G. B. Shaw me faz bocejar do princípio ao fim. Tolstói, idem, Guerra e Paz, pra mim, é o maior fracasso desde O capote, de Gogol. de Mailer, já falei. Bob Dylan me dá impressão de canastronice, ao passo que Donovan parece ter classe mesmo. simplesmente não dá pra entender. boxe, futebol profissional, basquete, são coisas que têm dinamismo. O Hemingway do início era bom. Dos foi um garoto danado. Sherwood Anderson, de cabo a rabo. o Saroyan do início. tênis e ópera, podem ficar pra vocês. carros novos, quero que vão pro inferno. calcinha de nylon, argh. anéis, relógios, argh. Gorky bem no início. D. H. Lawrence é legal. Celine, sem dúvida alguma. ovos mexidos, porra. Artaud, quando fica inflamado. Ginsberg, às vezes. luta-livre - o quê??? Jeffers, lógico. e assim por diante, vocês sabem. quem tem razão? eu, claro. mas evidentemente que tenho.'

(do livro "Fabulário geral do delírio cotidiano. Ereções, ejaculações, exibicionismos - Parte II", Charles Bukowski,ed.J&PM)


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Como ser um grande escritor - Charles Bukowski, Poema

você tem que trepar com um grande número de mulheres
belas mulheres
e escrever uns poucos e decentes poemas de amor.

e não se preocupe com a idade
e/ou com os talentos frescos e recém-chegados.

apenas beba mais cerveja
mais e mais cerveja

e vá às corridas pelo menos uma vez por
semana

e vença
se possível.

aprender a vencer é difícil -
qualquer frouxo pode ser um bom perdedor.

e não se esqueça do Brahms
e do Bach e também da sua
cerveja.

não exagere no exercício.

durma até o meio-dia.

evite cartões de crédito
ou pagar qualquer conta
no prazo.

lembre-se que nenhum rabo no mundo
vale mais do que 50 pratas.
(em 1977).

e se você tem a capacidade de amar
ame primeiro a si mesmo
mas esteja sempre alerta para a possibilidade de uma
derrota total
mesmo que a razão para essa derrota
pareça certa ou errada -

um gosto precoce de morte não é necessariamente
uma coisa má.

fique longe de igrejas e bares e museus,
e como a aranha seja
paciente -
o tempo é a cruz de todos,
mais o
exílio
a derrota
a traição

todo este esgoto.

fique com a cerveja.

a cerveja é o sangue contínuo.

uma amante contínua.

arranje uma grande máquina de escrever
e assim como os passos que sobem e descem
do lado de fora de sua janela
bata na máquina
bata forte

faça disso um combate de pesos pesados

faça como o touro no momento do primeiro ataque

e lembre dos velhos cães
que brigavam tão bem:
Hemingway, Céline, Dostoiévski, Hamsun.

se você pensa que eles ficaram loucos
em quartos apertados
assim como este em que agora você está

sem mulheres
sem comida
sem esperança

então você não está pronto.

beba mais cerveja.
há tempo.
e se não há
está tudo certo
também.


(retirado de "O Amor é um Cão dos Diabos", traduzido por Pedro Gonzaga)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Bukowiski, Sem Meias

trecho:

(...)"rumo a mim mesmo, à minha casa, a alguma coisa. o velho calhambeque ainda dava no couro, eu também, com toda a rua pela frente. o sinal fechou, achei metade de um charuto no cinzeiro, acendi, queimei de leve o nariz, o sinal abriu, traguei, expeli a fumaça azulada, pra que perder as esperanças? sempre surgiam novas oportunidades, mesmo frustrado e voltando pro mesmo lugar.

estranho: volta e meia deixar de foder é melhor que foder.
apesar de que posso estar enganado. em geral dizem que estou."

Bukowiski, Fabulário geral do delírio cotidiano, Sem Meias