mergulhem-se

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Trágico Versátil, Poesia

(de Ricardo Mendes, que em outros momentos também é meu pai)

Ah! Se as musas soubessem
quão volúvel é o coração dos poetas,
embora vermelho e pulsante como o dos outros homens
fraco e sensível ele é,
amante das vedetas
ferido o coração, cheio de setas,
nomes, lábios, seios, devaneios,
um dicionário sensorial de amores e receios

Ah! Se o peito de um poeta
pudesse ser aberto,
cicatrizes de ilusões apareceriam
raízes sem caules de futuros amores cresceriam
e o poeta morreria de vergonha
ao ter seu superego investigado
como um cego que se sinta desvendado
na escuridão dos próprios olhos
E é só o que basta, esse vazio,
pra que num ímpeto se esqueça
de escrever poesias
meta uma bala na cabeça
e como todo o bom poeta
morra ao raiar do dia


(do livro "Tatuagem", Ricardo Mendes, 86)

Um comentário:

Unknown disse...

Eis a vida do louco, daquele que tornar-se e é...
Putz... Foi bem fundo essa...
Viva...