Gracias por el fuego, se passa no Uruguai e narra a história de Ramon Budiño que é confrontado com seus desejos, sua impotência em relação a si mesmo e à sociedade,(sua baixo-estima? falta de crença em si?) principios e ambições tortuosos não claramente definidos e o amor e ódio que mantém pelo seu pai, Edmundo Budiño - que aparece como um personagem magnata totalmente sem escrúpulos. A relação dos dois é a parte mais forte do romance, fazendo um paralelo com a opressão/dependência capitalista dos anos 60 no país, representado pelo pai, e a impotência de um povo, representado pelo filho, que está perdido, confuso e embora não aceite totalmente a expansão da corrupção em sua pátria, se omite. A falta de perspectiva de Ramón, seu eminente fracasso em relação à sua subjetividade, individualidade, desencanto consigo mesmo, o põem em um redemoinho tão grande que só consegue vislumbrar o assassinato de seu pai como a única saída e solução para si, para o país, para seu filho adolescente. Até chegar nesta conclusão e após, o enredo se constrói."Apresento-lhes Ramón Budiño, ao começar a jornada em que resolveu matar Edmundo Budiño, um crápula que provisória e casualmente é seu pai. Roga-se por não inquirir por circunstâncias antenuantes, porque não as há. Trata-se de um crime longamente ruminado. A única sorte é não acreditar em Deus. Assim há menos complicações. Apresento-lhes Ramón Budiño, vivissiccionista das relações com seu pai, insone fora de foco, covarde que joga sua última carta de valentia, nu com incipiente pança, iminente órfão por própria decisão e meditado rompante, apaixonado sem beijos e sem língua, pobre diabo inteligente e carrancudo, criminoso inesperado no entanto, estúpido com excesso de memória, criador da 'própria absolvição, pálido esquerdista sentado à direita, abastado possuidor de escrúpulos elétricos, curioso da própria morte e também da alheia, cansado de ser displiscente, pai desolado e sem norte, valoroso sexual, perpléxo incurável, eu." pág 121/122
Gracias Por el Fuego
Mario Benedetti
Editora L&M POCKET
266 páginas
(Leia sobre Benedetti nas postagens anteriores)
Um comentário:
Puxa, estou aqui olhando teu blog e encontro muitas afinidades eletivas! O Benedetti se foi, mas em mim ficou a lembrança de MONTEVIDEANOS, um livro de contos que adoro, que um dia eu li caminhando pelas ruas de Montevideo e senti a pureza, a melancolia e a memória daquela cidade...
leituras...
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