a literatura de margem está à margem porque é o começo. estar a margem é dar início. é ser o sepulcro daquilo que se inicia e substancialmente se desenvolve. mas também se devora. todo corpo que não é capaz de atravessar a si mesmo de ponta a ponta não é capaz de alcançar e entender o que está a margem. e o que ela, violentamente, nos diz. ecto. meso. endo. derma. o corpo do texto é o próprio corpo da palavra. que é o próprio cerne de cada um de nós. todo texto tem um invólucro de silêncio que não o compreende mas o propicia. não há distância, mas há diferença. o ser que não se abastece deste silêncio é o mesmo que senta para construir um cadafalso. expandir apenas para dentro de si já não adianta, pois isto não é expansão, é contração opaca. estacionam melodicamente. criam-se barreiras e regras em que não avançam tiriricas. e a substância, dissociada, morre.
Julia Mendes dez/2012
Um comentário:
"todo corpo que não é capaz de atravessar a si mesmo de ponta a ponta não é capaz de alcançar e entender o que está a margem. e o que ela, violentamente, nos diz"
Um mini-manifesto!
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