mergulhem-se

sábado, 14 de maio de 2011

Confissões de um comedor de ópio - Thomas De Quincey, ensaio...

‎ (imagem: The Opium Eater 1913, N. C. Wyeth)

De Quincey narra aqui parte de sua vida entrevada pelo uso do ópio e as motivações que fizeram chegar e sair dele. A escrita é corrida, sem lógica bruta, quase como de associação livre, mas de enorme coerência. Dizem que o estilo é pela influência do ópio, mas creio, como ele mesmo se descreve, é como se apenas estivesse "pensando alto". Talvez por isso se encaixe bem na escrita moderna, apesar de pertencer ao séc 18/19.

Talvez os propósitos deste relato perpassem pela instrução, ilustração dos efeitos opiáceos, ou já um estudo inicial sobre a exploração da mente a partir do sonhos - são muitos os descritos no livro. Mas como De Quincey também sinaliza na primeira página, creio que o livro seja um expoente para vir a tona com as "úlceras e cicatrizes morais, rasgando aquele véu de decência que o tempo, ou a indulgência para com a fragilidade humana, fez descer sobre ele [homem inglês]".

"Crime e desventura repelem, por instinto natural, a publicidade"

"desenredei, quase até o último nó, o emaranhado de cordas que me atava."

"Mas, como não acredito facilmente que um homem que tenha experimentado uma vez a divina luxúria do ópio se contentará com os prazeres grosseiros e mortais do álcool, dou por garantido que agora o comem os que nunca comeram; E os que sempre comeram agora comem ainda mais."

"A felicidade podia agora ser comprada com uma moeda e carregada no bolso do casaco: êxtases portáteis poderiam ser engarrafados e a paz de espírito poderia ser remetida em galões pela diligência do correio."

"Certamente é um absurdo dizer, usando linguagem popular, que o homem se disfarça com o álcool, pois, ao contrário, a maioria se disfarça com a sobriedade;..."


Confissões de um comedor de ópio
Thomas De Quincey
Ed. L&PM POCKET
146 páginas

4 comentários:

Aninha Terra disse...

Nenita, li esse texto faz tanto tempo, adorei encontrar trechos por aqui. Me deu uma vontade...uma nostalgia....comedores de salvia, comedores de coracoes, comedores de prazeres...

Julia Mendes disse...

Es eso, nena!!! AH.......... Comedores de vinho, de tomate. De poesia.

Beijos imensos

Unknown disse...

Ih a lá! Oi Julia! Achei esse teu post aqui por acaso, estava pesquisando sobre esse tal de comedor de ópio aí. Legal!
um beijo,
Andrew

Julia Mendes disse...

;]

beijos, Andew!