Trechos de uma Entrevista dada a Revista Literatura, pelo escritor gaúcho Fabrício Carpinejar:
CP Literatura - Talvez, a única pergunta que importa, e uma das mais difíceis de responder seja: o que te faz escrever?
Fabrício - Realmente, é a pergunta mais atormentada. É uma urgência. O que me faz escrever é a incapacidade, a incompetência para fazer outra coisa. A literatura é um circo, essa possibilidade de completar as falhas, de ter uma honestidade e uma autocrítica muito mais contundente. Por que eu escrevo, então? Porque eu não consigo me enterrar o suficiente.
CP Literatura - E o inverso? O que te faz não escrever?
Fabrício - A sua vida quando está muito perfeita. A alegria é meio burra, por mais que eu tenha tentado alfabetizar a alegria, principalmente na poesia. Parece que você precisa ser trágico, fodido, ferrado, acabado, para escrever alguma coisa. Eu não escrevo na hora que a vida não precisa de meditação. O escritor precisa entender que, em alguns momentos, ele mais escreve quando não escreve. A literatura tem que ter um minuto de silêncio. Não adianta somente escrever para ocupar, você escreve para desocupar, para dar espaço. Também não pense que vai ser gênio, porque não conseguirá escrever nada que preste.
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